BMS 2019 CURITIBA LARGADA OFICIAL.
18 de agosto de 2019
Com a moto quase toda equipada e ainda resolvendo várias questões burocráticas, eu ainda não tinha uma data definida para começar a viagem e nem sabia como enviaria a moto para o Oceânia. A única certeza que eu tinha era de que não seria enviada desde o Brasil, pois infelizmente aqui para tudo que dependemos dos orgãos governamentais, Receita Federal inclusive, na maioria das vezes é uma dor de cabeça sem fim.
No ícone DICAS e LOGÍSTICA eu conto como está sendo esta saga burocrática.
Estava pensando em começar a viagem pelo Brasil e quando tivesse toda a documentação pronta rumaria para o destino de embarque. No início de agosto eu recebi um convite do Cezinha Mocelin, da concessionária Royal Enfield de Curitiba, para participar do evento que ele organiza anualmente, o BMS (Brazil Motorcycle Show).
Perguntei se eu poderia fazer a largada oficial da viagem durante o evento e ele topou.
Dali em diante comecei a traçar um novo roteiro, faria a largada oficial em Curitiba e seguiria rumo ao Nordeste. Assim testaria a moto, os equipamentos e qual linguagem que iria adotar para os vídeos e mini docs que iriam rolar no caminho. Me preparei e do dia 18 de agosto estava neste evento insano do calendário do motociclismo brasileiro.
Insano?! Sim o BMS é insano e consegue reunir durante 3 dias as atrações mais radicais e diferentes ao mesmo tempo. foto: Toco Lenzi
Uma casal de amigos me convidou para ir até o Kyrgyzstan, na Ásia, para visitá-los e tomar leite de égua. Levei a sério o convite!
Início de um sonho que se materializa.
Começa uma longa jornada de motocicleta pelo mundo. 12|03|2019
Durante o BMS | CURITIBA 2019 as pessoas não conseguiam pronunciar o nome do país que será meu destino: Quirguistão | Kyrgyzstan
Fica no Oriente Médio?
Campanha Colaborativa para uma viagem compartilhada.
Foi um dia emocionante, a largada oficial de uma longa jornada.
No domingo, dia 18 de agosto de 2019, eu largaria oficialmente desde Curitiba rumo ao Kyrgyzstan.
Agradeço a toda família BMS e a Royal Enfield Curitiba por toda a colaboração e o carinho que tiveram comigo.
Vamos juntos, na GARUPA!!!
Campanha Colaborativa para a viagem.
foto:Giovani Santos
A GRANA
Cansado dos formatos de patrocínio padrão para financiamento de projetos, resolvi fazer esta campanha que vai durar o tempo da viagem. Neste link do Vaquinha, uma plataforma que abriga projetos colaborativos https://www.vakinha.com.br/vaquinha/de-moto-do-brasil-ate-o-quirguistao farei esta ação entre os amigos, amigos dos amigos, empresas e quem for simpático ao projeto. O objetivo é financiar a de 40 mil km para chegar ao Quirguistão documentando todo o trajeto.
Para esta jornada precisarei de aproximadamente R$ 150 mil reais e pelo Vaquinha meu objetivo é arrecadar R$ 50 mil reais. Com este valor consigo dar início a viagem e pelo caminho buscarei patrocinadores e apoiadores.
Nestes valores estão incluídos alimentação, hospedagem, combustível, equipamento de captação e finalização de vídeo, transporte aéreo e marítimo da Himalayan, vistos e burocracias aduaneiras, seguro de vida, médico e da motocicleta, assinatura de softwares para edição e finalização de vídeo, comunicação, smartphone e socorro por satélite via SPOT GEN 3 – SOS, a manutenção da Himalayan e algumas roubadas que vão acontecer.
O ROTEIRO
A viagem, que vai durar o tempo necessário, nem mais nem menos. Começa pelo Brasil saindo de Curitiba em direção a São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Depois Uruguai e Argentina. De De Buenos Aires embarco a moto para a Austrália, vou para Tasmânia e depois cruzar o Outback até Darwin, no Northern Territory. De Darwin para Dili no Timor Leste de navio e de lá uma série de ferryboats pela Indonésia para chegar em Singapura depois Malasya, Tailândia, Laos e China. Ufa! Serão mais de 40 mil km até chegar lá em Bishkeck (capital do Quirquistão) para dar um abraço nos meus amigos e honrar o “convite”.
AS IMAGENS
Optei por utilizar câmeras da “familia" DJI, modelos osmo mobile, osmo action e o drone Mavic Air. Com a OSMO ACTION terei imagens para ação, o OSMO mobile para entrevistas e o Mavic Air para imagens aéreas.
NA GARUPA
Você poderá acompanhar minha viagem online via Instagram, Facebook e as histórias que contarei aqui através do meu blog. Espero que esta viagem e as histórias das pessoas que cruzarão meu caminho possam te inspirar, te questionar e fazer você refletir como um simples convite pode mudar sua vida.
Vamos juntos para o Kyrgyzstan!!
DICAS, LOGÍSTICA E BUROCRACIAS PARA REALIZAR UMA VIAGEM DE MOTO PELO MUNDO.
Desde que decidi ir até o Kyrgyzstan de moto, em março de 2019, comecei a me informar sobre a burocracia para viajar de motocicleta nos países que vou passar, entre eles a Austrália, Timor Leste, Indonésia, Singapura, Malásia, Tailândia, Laos, Vietnã e China.
Separei as informações por temas e durante a viagem vou atualizando os “perrengues” que vou passando e de como vou arrumando as soluções. Por mais que você se informe, sempre vai faltar algum documento, um carimbo, e a solução na maioria das vezes é usar a criatividade e principalmente manter o bom humor.
PASSAPORTE
Esta viagem pode durar anos, desta forma resolvi tirar um novo passaporte e não precisarei me preocupar em fazer a renovação em alguma embaixada no exterior. O sistema online da Policia Federal funciona bem, é só agendar, pagar o comprovante e levar os documentos. Geralmente em uma semana está pronto.
LINK POLICIA FEDERAL https://servicos.dpf.gov.br/sinpa/home.do
CERTIFICADO INTERNACIONAL DE VACINAÇÃO – ANVISA
Se já tomou a vacina de febre amarela e tem o comprovante do posto de saúde, é necessário solicitar o atestado internacional, que poder ser feito pela internet no link abaixo.
LINK ANVISAhttp://portal.anvisa.gov.br/certificado-internacional-de-vacinacao-ou-profilaxia
Se vai ser imunizado contra a febre amarela pela primeira vez, procure tomar a vacina com antecedência. A maioria dos países exige que a vacina tenha sido realizada com no mínimo 10 dias de antecedência. Eu sempre levo uma cópia dos certificados de todas as vacinas que já sou imunizado.
LINK dos países que exigem a vacina https://www.who.int/ith/ITH_country_list.pdf
PERMISSÃO INTERNACIONAL PARA DIRIGIR - PID
Esta carteira de habilitação internacional (PID) é exigida em vários países, como minha CNH foi emitida em São Paulo, solicitei pelo site do DETRAN-SP a emissão e envio pelo correio. A PID é válida por 3 anos, mas se sua habilitação vencer antes deste prazo, a PID também perde a validade. A taxa cobrada pelo Detran-SP em 2019 foi de R$ 291,00 + R$ 11,00 para o envio pelo correio. Levo sempre a CNH brasileira e a PID.
LINK DETRAN : http://www.detran.sp.gov.br/wps/portal/portaldetran/cidadao/habilitacao/fichaservico/solicitacaoPID
SEGUROS
São vários tipos de seguro para ter um viagem tranquila, o da motocicleta, o de saúde, acidente e repatriação e contra terceiros, alguns deles são obrigatórios.
MOTOCICLETA
Para o Brasil e Mercosul, optei por fazer com a Porto Seguro, com apólice para cobertura de roubos, furto e com quilometragem ilimitada para resgate da moto em caso de problemas mecânicos ou acidente. Para os residentes em Florianópolis, a Porto Seguro estava oferecendo como cortesia a Carta Verde, seguro contra terceiros exigido na Argentina, Uruguai e Paraguai.
Contato corretor : marco.deavila@ma2seguros.com.br
SAÚDE | ACIDENTES | REPATRIAÇÃO
Pesquisando seguros para nômades digitais e viajantes de longo percurso optei pelo ASSIST 365. Entre os planos oferecidos elegi o Heptagon que cobre gastos com emergências médicas e acidentes em até U$ 100mil e o mesmo valor para repatriação em caso de acidente. O valor de cobertura em caso de repatriação e acidente é muito importante numa uma viajam de moto pelo mundo, pois muitas vezes o paciente tem que ser removido para outro país. O que também me motivou a fazer este seguro foi tempo de cobertura - até um ano- e a renovação pode ser realizada online e o pagamento via PAYPAL. Outra facilidade e abrir as ocorrências via whatsapp.
Link ASSIT 365 https://assist-365.com
DINHEIRO
Este é um tema complexo. Há 20 anos ou você levava dinheiro em papel moeda ou travellers checks. Hoje existem muitas opções digitais e resolvi fazer uma ciranda financeira para não pagar a taxa cobrada pelo governo brasileiro com gastos com cartão de crédito no exterior, o IOF. Abri aqui no Brasil uma conta no Banco Inter, este banco não cobra taxas para manter a conta e o cartão de crédito internacional. Abri outra conta no Banco N26, na Europa, que também não cobra taxas. Durante a viagem eu uso o cartão de débito do N26 para realizar todos os pagamentos e saques caso seja necessário. O dinheiro é debitado na hora e convertido na moeda do país pelo aplicativo, você confere seu saldo e não tem surpresas e nem sustos com as fatídicas faturas dos cartões de crédito do Brasil quando realiza compras internacionais.
Para transferir o dinheiro do Banco Inter para a N26 na Europa, utilizo o Transferwise, um aplicativo de transferência de dinheiro que é rápido, seguro e tem ótimas taxas. Como o Banco Inter tem acordo com o Transferwise, em menos de 24 horas depois de realizada a transferência, o valor está debitado na conta N26.
Mantenho também uma conta online no aplicativo PayPal, nesta conta fica agregado o cartão de crédito do Brasil, para operar somente em caso de emergência. Levo também uma pequena quantia em dólares americanos e euros que utilizo em locais que não aceitam cartões. Parece complicado mas não é, tudo é feito via celular e aplicativos. Levo um celular de backup, um com o sistema IOS e outro com sistema ANDROID.
ARQUIVO DE DOCUMENTOS ONLINE
Mantenho uma conta no DROPBOX, uma plataforma online para armazenar arquivos nas nuvens. Deixo todos os documentos importantes digitalizados, assim como todas informações de pesquisa que realizo, desta forma posso acessar este documentos em qualquer lugar, tanto no celular quanto no laptop.
TRANSPORTE AÉREO | AMÉRICA DO SUL - OCEÂNIA
Durante as pesquisas para enviar a moto desde o Brasil para outros países conversei com vários viajantes que passaram por esta experiência e todos foram unânimes: não faça o envio da moto pelo Brasil, de maneira alguma! A burocracia exigida pela Receita Federal pode ser tornar um pesadelo e durar meses sem nenhuma solução. Novamente, através de indicações, entrei em contato com a DAKAR MOTOS, em Buenos Aires. O Javier e a Sandra, proprietários da Dakar Motos, me passaram todas as informações e disseram que o trâmite em Buenos Aires demoraria apenas 24 horas! Isso mesmo, em vinte e quatro horas eu despacharia a moto do aeroporto de Ezeiza para Sydney na Austrália.
A Dakar Motos faz envio de motos desde Buenos Aires para qualquer parte do mundo. Falo mais sobre eles no Blog durante a etapa Argentina.
Link Dakar Motos : https://www.dakarmotos.com
CARNET DE PASSAGE EN DOUANE
O CPD (Carnet de Passage em Douane) é um documento exigido por alguns países para fazer a importação temporária do seu veículo, facilitando os trâmites burocráticos aduaneiros. Este documento deu dor de cabeça para conseguir. Ele tem que ser emitido no seu país de origem pelos Automóveis Clubes filiados a FIA ( Federação Internacional de Automobilismo) e tem validade de um ano.
Entrei em contato com o Automóvel Clube do Brasil e eles não emitiam este documento há mais de 20 anos e também não sabiam como me orientar.
Problema: Precisava emitir um documento que só poderia ser emitido no meu país de origem, e em nenhum lugar do Brasil este documento é emitido Solução: Comecei a entrar em contato com os Automóveis Clubes dos países do Mercosul e todos me davam a mesma resposta: “Tem que emitir no Brasil”. Chegou num ponto que comecei a pensar em mudar meu roteiro, pois sair da América do Sul para o continente Asiático, via Oceânia, estava se tornando impossível. Fui contatando uma rede de amigos, amigos dos amigos que consegui uma solução. Teria que dar quase uma volta ao mundo em burocracias, depósitos bancários internacionais, envio de documentos pois o único lugar que emitiria o CPD seria Touring Club da Suíça (TCS). Para a emissão do Carnet tive que fazer uma transferência de 300 euros, relativos a emissão do CPD e de 2.500 francos suíços como depósito de caução, que será reembolsado.. Para isto, quando terminar a viagem tenho que enviar o CPD de volta para a Suíça com todos carimbos aduaneiros e o registro de entrada e saída dos países por onde passar.
Agradeço ao Juliano Bernert indicado pelo Wilson Rios que foi indicado pelo Serginho Severino. O Serginho viaja com a família a bordo de um Land Rover. Sem a ajuda deles não teria conseguido este documento. Agradeço também ao Bressan, @estradasamazônicas que sempre está a postos para ajudar em tudo em relação a Himalayan e que também me indicou o Erivan Avellar, na Austrália. Todas estas pessoas formam uma rede de amigos colaboradores, sem eles a viagem não aconteceria.
LINKS IMPORTANTES
Contato Touring Club Suisse https://www.tcs.ch/fr
Documentos necessários para emissão do CPD para não residentes na Suíça. https://www.tcs.ch/mam/Digital-Media/PDF/Info-Sheet/Carnet-de-passages-for-a-person-non-resident-in-Switzerland.pdf
VISTOS CONSULARES
Cada país tem formas diferentes para emissão de visto de turista para brasileiros. O mais importante no meu caso que vou solicitar os vistos pelo caminho é saber se poderei fazer procedimento para emissão de visto online, em alguma embaixada ou mesmo tirar o visto de turista na fronteira.
AUSTRÁLIA Turistas que pretendem ir para a Austrália devem solicitar o visto de visitante (subclass 600) de forma online. O primeiro passo para começar o processo é criar uma conta neste link: https://online.immi.gov.au/lusc/register Quanto custa: AU$150 Set/2019 Validade: 1 ano (a partir da aprovação) Permanência máxima permitida com o visto de turista: 3 meses (múltiplas entradas)
TIMOR LESTE Brasileiros podem solicitar o visto diretamente no Aeroporto de Dili, no desembarque.
Documentos Passaporte brasileiro com validade mínima de 6 meses e que tenha no mínimo 1 página em branco. Bilhete aéreo de ida e volta confirmado. Voucher de hotel ou garantia de acomodação. Prova de fundos suficientes para cobrir o período de estadia no país. Certificado Internacional de vacinação contra Febre Amarela (a vacina deve ser tomada no mínimo 10 dias antes da viagem).
INDONÉSIA Para brasileiros o visto é emitido na chegada ao aeroporto, é válido por 30 dias e sem custo. Se você pretende ficar mais do que 30 dias, a opção é pagar U$ 35 pelo VOA (Visa on Arrival) e com este visto poderá solicitar uma extensão para mais 30 dias.
SINGAPURA
MALASIA
TAILANDIA
LAOS
VIETNÃ
CHINA
BRASIL PREPARATIVOS.
São Paulo | Junho 2019
Uma coisa é sonhar, a outra é executar e materializar este sonho. Se eu soubesse que iria enfrentar tanta burocracia para enviar a moto para a Oceânia, acredito que teria ido só com uma mochila. Mas como sou “chato” e adoro desatar nós, eu decidi que ia encarar este desafio.
OGRO(S) Foto: Bia Boleman
A moto chegaria no final de maio e teria que vender meus três "velhos” veículos, duas motos e o OGRO, meu fusqueta que ficava em Floripa, assim complementaria a verba para o pagamento da minha nova parceira.
Finalmente no dia 26 de junho de 2019, recebi a Himalayan na concessionária de São Paulo, era a primeira vez na minha vida que comprava uma moto zero quillômetro.
Resolvi emplacar a moto em Florianópolis e para isto eu teria 3 dias para rodar até Santa Catarina sem a placa, e como a primeira revisão é realizada com 500 km, eu teria que fazer uma parada em Curitiba.
Meu amigo Chris Miranda, da Garage Metallica em São Paulo, disse que conhecia os donos da concessionária Royal Enfield de Curitiba e fez a ponte com o Cezinha Mocelin, que viria a ser um grande parceiro desta jornada.
Me senti a vontade na Himalayan, uma moto de 400 cc bem forte, robusta e ágil para andar no trânsito.
A missão agora era arrumar as “tralhas” e ir para a estrada, o lugar para o qual esta moto foi concebida e eu também!
Concessionária Royal Enfield | São Paulo foto: Alexandre Mondani
REVISÃO dos 500 km em CURITIBA
RUMO FLORIPA
No caminho rumo a Floripa, coloquei em mochilas tudo o que achava necessário para viagem e imaginando como distribuiria toda esta bagagem pela moto.
Desta forma começaria a entender o que era realmente necessário, o que daria para diminuir de tamanho e o que poderia ser descartado.
Como eu queria levar uma mini produtora de filmes a bordo, senti a necessidade de ter um baú e dois alforjes laterais. Comecei a procurar alguma empresa que me apoiasse com esta estrutura.
A parada na concessionária em Curitiba foi bem rápida. Lá conheci o Cezinha Mocelin e o Maurício, chefe do mecânicos.
Nesta revisão de 500 km foram trocados o óleo, filtro e realizado alguns ajustes.
O Maurício com muita paciência foi me explicando cada etapa da revisão, pois saindo do Brasil eu que faria as próximas trocas de óleo e filtro.
FLORIPA
Levei a Himalayan no Detran, que fica no continente e até que foi bem rápido o processo para fazer o emplacamento e a documentação. De agora em diante uma moto com placa de Florianópolis iria rodar o mundo.
Tive alguns dias para me despedir da casinha de Floripa, dos amigos e dar as últimas remadas de canoa havaiana. Este lugar tem um significado muito importante na minha vida pois foi aqui que passei meus melhores momentos nos últimos anos e também foi o lugar onde me recuperei de todas as cirurgias, após o acidente de moto em 2010. Aqui estão as pessoas que considero minha segunda família: a Silvia, o Marcão, seu filhos o Zezo e IGI e que há 14 anos me deixaram compartilhar este pedaço do paraíso.
O QUE LEVAR NUMA VIAGEM DE MOTO?
Resolvi fazer uma planilha para quantificar tudo que precisaria levar e de como faria a distribuição de todos estes objetos na moto. Sempre que começo a pensar num projeto eu vou desenhando num papel, mas tinha tanta coisa que preferi colocar tudo numa planilha, que foi crescendo a cada dia. Pela internet comecei a pesquisar as empresas que faziam as malas de alumínio para moto, pois seria muito trabalhoso carregar tudo em mochilas.
ADAPTADORES 12 VOLTS PARA CARREGAR BATERIAS.
Durante a viagem vou precisar de um carregador para baterias do celular, câmeras e drone. Para isto adaptei um carregador no painel da moto com uma entrada USB e uma fêmea 12volts que servirá para o compressor de ar portátil. Fiz alguns testes pois minha dúvida era se o carregador consumia energia da bateria enquanto a moto estivesse desligada. Este carregador tem uma luz de led que fica acessa permanentemente e não tem botão para desligar.
Nesta série de vídeos vou mostrando as adaptações que estou realizando na Himalayan.
Durante os testes monitorei a carga da bateria durante 24 horas (sem ligar a moto). Logo que desliguei estava com 12,66 volts e após 24 horas ficou em 12,54 volts, portanto não vi necessidade de mexer no chicote da parte elétrica para ligar o carregador na chave de ignição.
Decidi que levaria um painel solar, o mesmo que sempre usei nas viagens para o Saara, assim quando ficasse parado por muito tempo em algum lugar sem acesso a energia elétrica eu teria uma alternativa.
EGEA - FABRICANTE DE MALAS DE ALUMÍNIO
Nas minhas pesquisas para localizar uma empresa que fazias as malas de alumínio achei a EGEA em Piracicaba, no interior de São Paulo. A EGEA fabricava exatamente o que eu estava precisando. Enviei um whatsapp explicando a ideia da viagem e se a empresa poderia me apoiar. Em menos de 5 minutos o Rodrigo Egea, que é o proprietário, respondeu positivamente. Nunca tinha conseguido um apoio neste tempo recorde. No outro dia já estava na estrada seguindo de Florianópolis rumo a Piracicaba. A Himalayan ganharia novos "cômodos". Abaixo, em vídeo e fotos, todo processo de adaptação.
Nos próximos anos, todos objetos que eu tenho estarão pendurados dentro destes "balaios".
Video realizado na fábrica da EGEA durante a instalalação do top case e alforjes. fotos | vídeo | edição : Toco Lenzi Piracicaba, SP
DE MOTO, do BRASIL até o KYRGYZSTAN.
Royal Enfield Himalayan foto: Toco Lenzi
São Paulo | Março 2019
Com mais de 100 expedições na bagagem, já rodei o mundo de barco, bicicleta, moto, riquixá, dromedário e a pé. Mas em novembro de 2010 fui vítima de um grave acidente de motocicleta e nunca havia imaginado que pudesse mudar tanto a minha vida. Naquele ano já havia realizado três viagens muito difíceis, a primeira delas foi a quarta etapa da minha travessia a pé no Saara, onde fui detido pela Frente Polisário quando estava atravessando uma zona proibida no Saara Ocidental. De volta ao Brasil e em menos de trinta dias eu estava embarcando para o Haiti para filmar um documentário para o exército brasileiro, isto aconteceu logo após o terremoto que deixou mais de 200 mil mortos no país. Na sequência segui para o Atacama a fim de documentar em vídeo a viagem de um grupo de motociclistas brasileiros e um deles faleceu num acidente na estrada.
acampamento saharoui em Bir Lehlou, Saara Ocidental | foto: Saleh Walid
cidade de Porto Príncipe, Haiti após o terremoto de 2010 | foto: Toco Lenzi
gravando os pilotos rumo ao Atacama | foto: Maka Gambale
Logo após esta sequência de viagens eu voltei para São Paulo e foi quando eu sofri o acidente. Fraturei 22 ossos que destruiu meu joelho direito, acetábulo, costelas, mandíbula e crânio. Quando acordei numa maca no outro dia no hospital eu já tinha a certeza que estava em “outro plano”, foi quando vi minha amiga Winni ao lado e ela me explicou sobre o acidente, pois não me lembrava de nada. Assim, entendi que estava vivo!! Uma das conclusões que cheguei naquele momento era que meu anjo da guarda estava cansado e esta foi a única forma de me fazer “parar”. Não tive outra saída que não fosse aceitar.
Nos três anos seguintes, após o acidente, fiz mais de mil horas de fisioterapia, três cirurgias e uma parada forçada em São Paulo, principalmente também pela saúde debilitada dos meus pais, que já estavam beirando os 90 anos e precisavam de cuidados. Tudo isto me fez criar raízes na capital paulista, e sendo assim já que era para ficar estacionado em São Paulo resolvi junto com alguns amigos abrir uma produtora de vídeos e animação, a Grama Filmes.
Na minha cabeça seria uma forma de estar em São Paulo cuidando dos meus pais e virar empresário. Meu sonho era ganhar dinheiro para comprar um veleiro e viver no mar.
Sonho meu!! Quatro anos depois enxerguei o quanto é difícil empreender no Brasil. Sai da sociedade na produtora e comecei a adotar a prática do minimalismo, que sempre fez parte da minha vida de viajante.
Em três anos fui vendendo tudo o que havia acumulado, fazendo bazares, doando objetos e me livrando de tudo que me trazia gastos. Carros, motos, conta de celular, tv a cabo, gastos supérfluos, até que tudo que eu tinha coube num espaço de 15m2.
Bazar do Desapego.
Fotos: Clô Azevedo
Com o falecimento dos meus pais, em novembro de 2018, eu e minha irmã Regina organizamos todos assuntos burocráticos e jurídicos e voltei para Florianópolis, onde alugo uma casa há mais de 13 anos da família Ross. La é um lugar onde recarrego minhas energias e pratico um dos esportes que entraram na minha vida, a canoa havaiana.
Lagoa da Conceição - Florianópolis-Brasil | foto: Toco Lenzi
Kanaloa, clube de canoa havaiana que remo em Florianópolis | foto: Toco Lenzi
Em Floriánopolis dei um tempo e esperei para ver aonde minha intuição me levaria. E no dia 12 de março de 2019, dia do meu aniversário, um casal de amigos que estava morando no Quirguistão na Asia Central, me convidou para ir visitá-los.
Este era o chamado! Naquela noite não consegui dormir e fiquei matutando de qual forma chegaria no "Fimdomundoquistão". Flashes começaram a vir na minha mente da época que comecei a viajar na juventude, eram viagens sempre realizadas no ímpeto e na maioria das vezes sem planejamento, naquela fase eu simplesmente pegava a mochila e partia.
Na manhã seguinte, abrindo alguns mapas já sentia que seria uma longa jornada para chegar ao Quirguistão e não seria de avião, pois assim seria muito fácil e rápido.
Pensei……pensei……e decidi, vou de moto!!!!
Quirguistão | Kyrgyzstan | fotos: Divulgação Ministério do Turismo do Kyrgyzstan
Deste momento em diante não consegui mais parar de pensar e planejar. Com 53 anos, uma coleção de acidentes, um monte de fraturas, peças de titânio e cerâmica pelo meu corpo, estava me sentindo com o mesmo frio na barriga de quando fiz minha primeira viagem de carona, que foi num caminhão do Mato Grosso até São Paulo, isto quando eu tinha 13 anos de idade.
Comecei a pesquisar com qual moto faria a viagem, como iria arrumar dinheiro, qual roteiro, como embarcar a moto entre os continentes e qual seria o propósito da viagem, além de visitar meus amigos.
Vendo um anúncio na internet, descobri que uma empresa indiana de motos, a Royal Enfield, estava lançando um modelo no Brasil e também abrindo um concessionária em São Paulo. Fui lá, marquei o test-drive e em menos de 5 minutos já tinha fechado o negócio.
Minha parceira de duas rodas nesta empreitada será a Royal Enfield modelo Himalayan, de 411 cilindradas.
Uluru, Northern Territory | Austrália | foto: Toco Lenzi
O roteiro que defini foi mais difícil em relação a informações e burocracias pois talvez esta seja a primeira vez que uma moto emplacada no Brasil fará o percurso até a Ásia via Oceânia. Será um longo trajeto pela América do Sul, Austrália, Timor Leste, Indonésia, Singapura, Tailândia, Laos, China e finalmente o Kyrgyzstan ( Quirguistão)
Em relação ao financiamento desta viagem eu tenho algumas idéias de como captar o dinheiro e uma delas será através colaborações. O propósito, mostrar que tudo é possível!! Só temos que sair da chamada zona de conforto e se jogar neste mundão, que tem tanta coisa bacana para conhecer.
Durante o caminho quero contar histórias de amigos que largaram tudo e foram viver suas vidas de forma alternativa pelo mundo, além dos lugares e personagens que encontrarei pelo caminho. Acredito que precisamos de histórias interessantes como combustível para inspirar novas formas de encarar a vida. Espero que esta viagem seja transformadora para mim tanto quanto para vocês, que estarão na minha GARUPA.









